Tudo sobre Futebol

Tuesday, July 05, 2005

Links esportivos e de Futebol

História do Corínthians

A Fundação (1910)



Sob a luz do Cometa Halley, 1910 foi o ano da ousadia. O assunto que ganhava as ruas do bairro do Bom Retiro era o sonho de cinco operários, apaixonados por futebol, de criar um time de garra. Eram eles: Antônio Pereira, Carlos da Silva, Joaquim Ambrósio, Rafael Perrone e Anselmo Correia. Após o trabalho, os cinco amigos percorriam os campos nas várzeas convidando jogadores a se juntar ao time ainda em gestação. À noite, sob um lampião de gás, faziam o balanço da jornada.

À euforia com a organização do novo time foi acrescida a notícia da vinda ao Brasil do Corinthian Football Club, célebre team inglês criado em 1882 e espécie de embaixador do esporte bretão. Em 31 de agosto o esquadrão inglês derrotou a Associação Athlética das Palmeiras por 2 a 0 - nada a ver com o velho rival. A façanha impressionou.

Em 1º de setembro os cinco rapazes ganharam o reforço de oito amigos. Juntos resolveram fundar um time que, para alguns, deveria se chamar Carlos Gomes ou Santos Dumont, mas para a alegria da Fiel Torcida se chamou Corinthians. Assim mesmo, com um "s" a mais, já que a imprensa esportiva da época se referia aos jogadores do fabuloso esquadrão inglês como "os corinthians".

E foi em um sábado ensolarado, em 10 de setembro, que o time entrou em campo pela primeira vez. Desafiou o temível União da Lapa e perdeu por 1 a 0. Um ligeiro tropeço, mas, no jogo seguinte, a sina de vencedor se manifestou contra o Estrela Polar. Luiz Fabi abriu o placar, fazendo o primeiro gol da história do Sport Club Corinthians Paulista, e Jorge Campbell, o segundo. Resultado final: 2 a 0. Uma história de tradição e glórias mil estava apenas começando...


Tri do Tri (1939)



Foi uma conquista incontestável. Sob o comando de Del Debbio, o Timão escreveu, com duas rodadas de antecedência, uma página inédita na história do futebol paulista, faturando o terceiro tricampeonato, um feito que somente a Fiel Torcida pode comemorar.

Teleco, novamente, ficou em primeiro na tabela dos artilheiros, com 32 gols dos 63 do total da equipe. No jogo decisivo, o Timão passou por cima do Santos, batendo por 4 a 1, com dois gols de Carlinhos, um de Teleco e outro de Servílio (foto).

A equipe perdeu apenas uma partida no campeonato, vencendo 17 e empatando duas. E mais: com o título paulista, o 11º da história alvinegra, o Corinthians igualou-se ao Palestra Itália em número de campeonatos até então conquistados.


O Primeiro Mundial (1953)



Depois de encantar a Europa no ano anterior, o Timão ganhou em julho um torneio internacional disputado na Venezuela, reunindo dois poderosos esquadrões europeus, o Barcelona, da Espanha, e a Roma, da Itália, além de um selecionado de Caracas, representando as Américas.

Esse quadrangular ficou conhecido como a Pequena Copa do Mundo. O Timão foi campeão invicto. Na volta ao Brasil, os jogadores foram recebidos como heróis pela Fiel. São Paulo parou para ver o trajeto da comitiva entre o aeroporto de Congonhas e o Parque São Jorge.


A Invasão (1976)



A Fiel fez história no Brasileirão. Empurrou o Timão à vitória contra o Santa Cruz, no Recife, e encarou a "máquina tricolor" para chegar à final. O Fluminense, comandado por Rivellino, era o favorito, e decidia no Maracanã.

Mas a Fiel fez a diferença. Pelo menos 70 mil corinthianos "invadiram" o Rio de Janeiro pela via Dutra, ponte aérea e até por trem, desembarcando na Central do Brasil. Resultado: dividiu o "Maraca" ao meio.

Empurrado pelo 12º jogador, o Timão empatou em 1 a 1 no tempo normal, com gol de meia bicicleta do volante Ruço. Nos pênaltis, o goleiro Tobias levou a equipe à final. Mas o Internacional-RS estragou a festa. Apesar do vice do Brasileiro, a INVASÃO de 1976 ficará na história do futebol brasileiro.


O Fim do Jejum (1977)



Oswaldo Brandão, técnico que levou o Timão à histórica conquista do IV Centenário de São Paulo, em 1954, acabou com a fila de 22 anos. Em 13 de outubro, o Morumbi registrou mais de 86 mil torcedores pagantes (num total de 140 mil, recorde imbatível) empurrando o Timão ao tão sonhado título, no terceiro jogo da final com a Ponte Preta do goleiro Carlos, do zagueiro Oscar e do meia Dicá. No primeiro jogo, o Corinthians venceu por 1 a 0, mas a "Macaca" respondeu no segundo, vencendo por 2 a 1.

Faltavam menos de 10 minutos para o final do terceiro e decisivo jogo quando Basílio marcou o gol mais famoso da história do Timão, ficando eternamente conhecido como o "Pé de Anjo".


Democracia é BI (1983)



"Ganhar ou perder, mas sempre com a Democracia." Com essa faixa os jogadores do Timão entraram em campo na final contra o São Paulo ávidos pelo bicampeonato. O Corinthians liderou o Grupo B na primeira fase (19 vitórias, 12 empates, sete derrotas, 55 gols pró e 35 contra) e ficou em primeiro na chave E, na segunda fase (em seis jogos, três vitórias e três empates).

Nas semifinais, despachou o Palmeiras (1 a 1 e 1 a 0) e na grande final venceu a primeira partida e empatou a segunda, com gol de Sócrates. Delírio na arquibancada. A Fiel fez a festa no "Morum-Bi". O "Doutor" marcou 21 gols, um a menos que Serginho Chulapa, artilheiro do Paulistão.


A Conquista (1990)

Nada mais corintiano do que passar um campeonato inteiro com o coração apertado. E o Brasileirão de 1990 foi exatamente isso. Fazendo jus ao nome de time de virada, o Timão não decepcionou. Neto era o grande nome da equipe, o "Xodó da Fiel", mas quem reinou em 16 de dezembro foi Tupãzinho, fazendo o gol do título então inédito, batendo o São Paulo de Telê Santana por 1 a 0, no segundo e decisivo jogo.


Um Time Campeão (1995)

Ganhar a Copa Brasil de forma invicta, e ser o único clube paulista a conseguir esse feito. Coisa de Timão, que atropelou o Vasco (1 a 0 no Maracanã e 5 a 0 no Pacaembu) nas semifinais e disputou o título com o "copeiro" Grêmio dirigido pelo técnico Luís Felipe Scolari. No jogo de ida, no Pacaembu, o Corinthians venceu por 2 a 1, e foi ao Sul precisando de apenas um empate no estádio Olímpico para ser campeão.

O Timão segurou a pressão e no segundo tempo Marcelinho calou os gremistas, com o gol do título. O Corinthians fez "barba e cabelo", levando também o Paulistão, batendo o Palmeiras na final por 2 a 1, gols de Marcelinho e Elivélton. No primeiro turno, o Timão ficou em quarto lugar (dez vitórias, 12 empates, oito derrotas, 42 gols pró e 32 contra). Na segunda fase ficou em primeiro no seu grupo (cinco vitórias, um empate, 13 gols a favor e cinco contra).



O Melhor do Brasil (1998)

O Timão mostrou mais uma vez que é a equipe da virada. Sob o comando do técnico Wanderley Luxemburgo, o Timão se redimiu e chegou à final, enfrentando o Cruzeiro. No primeiro jogo, no Mineirão, o Corinthians mostrou a sua garra de campeão. Terminou o primeiro tempo perdendo por 2 a 0, mas arrancou o empate com gols de Dinei e Marcelinho. Na segunda partida, no Morumbi, Marcelinho abriu o placar, mas a "Raposa" empatou com Marcelo Ramos.

Às vésperas do Natal, em 23 de dezembro, o Timão deu à Fiel o presente de Natal: bateu o Cruzeiro por 2 a 0, gols de Edílson e Marcelinho, conquistando o segundo título no Brasileirão com uma campanha respeitável: 18 vitórias, 7 empates, 7 derrotas, 57 gols pró e 38 contra.


A Confirmação (1999)

Um ano inesquecível para a Fiel Torcida. No Paulistão, a campanha do Timão (nove vitórias, quatro empates, seis derrotas, 39 gols pró e 29 gols contra) levou a equipe às semifinais, em que atropelou o São Paulo. Na grande final cruzou com o rival Palmeiras e no primeiro jogo venceu por 3 a 0, arrancando empate em 2 a 2 no segundo, o bastante para conquistar o 23º título estadual, o que garantiu ao Timão a hegemonia no Campeonato Paulista no século XX.

Mas o fecho de ouro veio no segundo semestre, com o bicampeonato brasileiro. O Timão, sob comando de Oswaldo de Oliveira, fez história, liderando a competição de ponta a ponta. O Corinthians enfrentou na final outro time mineiro, desta vez o Atlético, e perdeu a primeira partida, disputada no Mineirão, por 3 a 2. No segundo jogo, no Morumbi, o Timão venceu por 2 a 0 e empatou em 0 a 0 na terceira e decisiva partida, garantindo o bicampeonato do Brasileirão.


O Mundo é da Fiel (2000)


Virada para o ano 2000. Uma atmosfera de euforia e êxtase se mescla com as tradicionais advertências de que o mundo acabaria. Em 1910 – ano da fundação do Corinthians – foi a mesma coisa. E naquela época era somente o Cometa Halley ...

Mas o que acabou mesmo foi aquela lenga-lenga de chamar o Corinthians de time caseiro. E em alto estilo: no templo mundial dos boleiros, o Maracanã. O Timão, que já colecionava dez títulos internacionais, foi o primeiro campeão de um Mundial de Clubes organizado pela Fifa, a entidade que comanda o futebol mundial.

No Mundial da Fifa, realizado no Brasil, o Corinthians consagrou sua saga de conquistas, tornando-se campeão depois de superar na final o Vasco da Gama, em pleno Maracanã, depois de ter enfrentado Real Madrid, da Espanha, Al Nassr, da Arábia Saudita, e Raja Casablanca, do Marrocos. Participaram também Manchester United, da Inglaterra, Necaxa, do México, e South Melbourne, da Austrália.

Dida foi o herói da final, decidida nos pênaltis, defendendo a cobrança do lateral-esquerdo Gilberto. O "Animal" Edmundo chutou para fora e o "gavião" abriu as asas no Maracanã para o vôo da vitória. O goleiro baiano já havia mostrado por que é o melhor pegador de pênaltis do mundo, defendendo uma cobrança do atacante francês Anelka, evitando a eliminação do Timão diante do Real Madrid.

Mais uma vez a Fiel Torcida deu um show à parte: não repetiu a histórica invasão de 1976, mas o "Maraca" viu, e ouviu, quase 30 mil corintianos calarem 70 mil cruzmaltinos. Em 14 de janeiro, o time que surgiu na várzea fincou seu pavilhão na história oficial da Fifa. Agora, o mundo é do Timão!


Fonte: www.gavioes.com.br

História do Fluminense

Um clube popular

Quando Oscar Cox fundou o Fluminense Football Club em 21 de julho de 1902, numa sede localizada no número 51 da Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, não poderia imaginar que um clube marcado pela nobreza logo tomaria o gosto popular. Desde os seus primórdios, o Tricolor teve entre seus sócios e freqüentadores representantes das famílias mais tradicionais do Rio de Janeiro. Hoje, o clube está entre as 10 maiores torcidas do país. A sua bela sede das Laranjeiras, de aspecto europeu, contrasta com a paixão unicamente brasileira de seus torcedores.

Oscar Cox chegou da Suíça, em 1897, com a idéia de formar um time de futebol (o que só aconteceria quatro anos mais tarde), e ao mesmo tempo trouxe pela primeira vez para o Rio o esporte que seria o mais popular do Brasil dentro de pouco tempo. Desde a sua fundação, o Fluminense foi pioneiro das evoluções do futebol no Rio.

Em 1903, na estréia do grená, branco e verde como cores oficiais, em substituição ao branco e cinza, o Fluminense disputou a primeira partida no Rio de Janeiro com ingressos pagos. O agora Tricolor perdeu por 3 a 0 para o Paulistano com um público de 996 pessoas.

O Fluminense começou a se desprender totalmente da elitização a partir da primeira metade da década de 20, quando o futebol brasileiro finalmente penetrou nas camadas mais baixas da sociedade. O clube das Laranjeiras, nessa época, foi um dos pioneiros na luta pela profissionalização dos jogadores, deixando de restringir a prática do futebol aos associados dos clubes.

Mas foram as grandes conquistas nos gramados que alçaram o Fluminense a um dos clubes mais populares do Brasil. Ainda quando o futebol engatinhava, o Tricolor consolidava sua condição de elite, não social, mas esportiva, com o tetracampeonato estadual 1906-1909.

Nos anos que se seguiram, o Fluminense jamais deixou de ser um ícone do esporte brasileiro, não só no país, mas também no mundo. O Tricolor fascinou pela sua disciplina e recebeu do Comitê Olímpico Internacional, em 1949, a Taça Olímpica, pelos serviços prestados ao esporte.

Três anos mais tarde, em 1952, quando o Maracanã ainda chorava a perda da Copa do Mundo para o Uruguai, em 1950, o Fluminense fez o maior estádio do mundo voltar a sorrir conquistando ali a Copa Rio, primeira versão do Mundial Interclubes. Com Castilho, Píndaro, Bigode, Telê e Zezé Moreira no comando, o Tricolor fez crescer a auto-estima do povo carioca batendo Sporting, Grasshoppers, Peñarol, Austria Vienna e o Corinthians, na final, levando a taça.

Já consolidado como um dos maiores clubes do Brasil, o Fluminense continuava a encher de orgulho torcedores de todas as classes sociais com seus títulos e times memoráveis. No Rio de Janeiro, a hegemonia permanece desde a Máquina Tricolor de Rivelino, que conquistou o bi de 1975-76 até o time comandado por Abel Braga, que levantou o 30º Campeonato Estadual, em 2005.

O Surgimento do Fluminense

Conheça a História do Fluminense Football Club




O que chamamos de futebol teve início na China antiga e era chamado de Kemari. Era muito popular e jogado com 16 jogadores, divididos em 2 times. O objetivo do jogo era passar uma bola entre duas estacas fincadas no chão.


Na Grécia antiga o povo praticava o Epyskiros um jogo disputado com uma bola feita de bexiga de boi, coberta por uma capa de couro. Os romanos copiaram as regras e criaram o Harpastum.


Na Inglaterra, onde o esporte foi aperfeiçoado ele passou a ser praticado em grande escala. O jogo inglês era muito violento e não tinha regras definidas. Somente em meados de 1860 surgiram as primeiras regulamentações como: o número de participantes, o tamanho do campo (80/120m), e os gols ( feitos de dois pares de postes com largura de 1m, chamados de arcos ). O gol acontecia quando a bola, feita de couro, cruzava as duas traves.


Na França e na Itália, esportes parecidos também surgiam. Os franceses tinham o soule. Os italianos, o cálcio. O cálcio surgiu a partir de uma briga entre grupos de oposição políticas de Florença.


Somente no século XIX o futebol se tornou mais organizado. Em 1860 apareceram os primeiros clubes, que promoviam campeonatos. A rivalidade era grande, mas ainda não haviam regras comuns. Cada equipe queria jogar com a sua regra.


Para a criação de um regulamento unificado, representantes de clubes, capitães de equipes e dirigente de escolas reuniram-se e formaram, em outubro de 1863, a Football Association.


A Football Association foi na verdade a precursora da International Football Association Board, mais conhecida como International Board, entidade responsável desde 1886 pela regulamentação e modificação das regras do futebol.


Em 1868 os ingleses criaram a figura do árbitro, que no início tinha que comandar os jogos aos gritos.
Lentamente o esporte foi ganhando suas regras definitivas e que evoluem até nossos dias. Surgiram as traves superiores ( travessões ), as redes, o pênalti. Estabeleceu-se o número de jogadores para cada equipe (11), as dimensões do campo e o tamanho da bola. Em 1901 foram delimitadas as áreas e em 1907, criada a lei do impedimento.


Pelo menos em cinco lugares foram realizadas partidas de futebol no Brasil, antes do regresso de Charles Miller ao país, em 1894.


Tido como "fundador" da modalidade esportiva em solo brasileiro por ter trazido duas bolas, uma agulha, uma bomba de ar e dois uniformes completos, da Inglaterra onde estudava, ele tem a seu favor o fato de ter organizado o esporte por aqui.


O futebol cresceu no Brasil com Charles Miller, paulista do Brás, ele foi estudar na Inglaterra muito cedo. Viajou aos nove anos de idade, retornando ao Brasil tempos depois com as bolas e o sonho de ver o futebol crescer no país. Apesar de ter chegado em 1894, apenas no ano seguinte Miller viu a primeira partida "oficial" ser realizada no Brasil.


O São Paulo Railway Team - com Charles em campo - venceu por 4 a 2, o Team do Gás, na Várzea do Carmo. Estas "peladas" iniciais deram forma ao primeiro Campeonato Paulista jogado em 1902. Antes disso, Charles Miller conseguiu o apoio do São Paulo Athletic, time da colônia inglesa na cidade, que rivalizava com o Germânia, fundado pelo alemão Hans Nobiling, e com o Mackenzie, primeiro clube formado por brasileiros unicamente para a prática do novo esporte.



Charles Miller


O Início do Futebol no Rio


Uma sucessão de eventos surgiu antes da fundação do Fluminense Football Club.


Após a vitoriosa iniciativa de Miller, começaram a surgir em São Paulo o Sport Club Internacional e o Club Atlético Paulistano. O futebol no Brasil finalmente ganhava espaço.


O primeiro clube fundado para a prática de esportes terrestres no Rio de Janeiro foi o Club Brasileiro de Cricket. Em suas reuniões, sempre contavam com a presença da sociedade local e da Princesa Isabel. Entretanto, a agremiação ficou apenas no cricket e nas corridas.


Foi Oscar Alfredo Cox quem veio a introduzir o futebol no Rio, depois de concluir seus estudos no Colégio de La Ville, em Lausanne, Suíça, onde jogou e aprendeu a gostar do futebol, tendo ficado empolgado com o novo esporte que conhecera.


No dia 22 de setembro de 1901, o jovem Oscar A. Cox, conseguiu formar uma equipe tendo então partido com a turma - Rio Team - rumo a Niterói, com a finalidade de enfrentar um time formado somente por ingleses no campo do Rio Cricket. O resultado da primeira partida de futebol realizada no Rio de Janeiro foi 1 x 1, com Júlio Moraes assinalando o gol a favor dos cariocas.




O Rio Team, primeira equipe de futebol montada no Rio de Janeiro. Eram só um grupo de amigos cariocas reunidos e que num futuro próximo fundariam o Fluminense. Foto tirada em 1901. ( acervo do F.F.C. )


Depois os ingleses vieram ao Rio e mais duas partidas foram disputadas no campo do Paysandu Cricket Club, sucessor do Club Brasileiro de Cricket. Mais dois empates foram registrados.


A equipe organizada por Cox formou com Clyto Portela; Etchegaray e Schuback; M. Frias, Cox e Max Naegely; Costa Santos, E. Moraes, Nóbrega, Júlio Moraes e F. Frias.


Empolgado com o sucesso dos três jogos, Oscar A. Cox programou uma excursão a São Paulo.


Ainda em 1901, manteve entendimentos na capital paulista com René Vanorden do Sport Club Germânia e, quando René apresentou a idéia a outros companheiros ( Ibánez Sale do Paulistano; Armando Costa do Internacional; Charles Miller do Fox Rule e Boyes do São Paulo Athletic), a promoção de Cox foi logo aprovada.


No dia 19 de outubro de 1901, no campo do São Paulo Athletic, lá estavam os cariocas para enfrentarem os paulistas, no que seria o primeiro encontro entre o futebol dos dois grandes centros.


Cox havia feito algumas alterações na equipe. Colocou Schuback no gol e Mário Frias e Nóbrega na zaga. O meio campo foi modificado ficando armado com Cox, Wrighe e Cullock, enquanto no ataque, houve apenas a entrada de Walter na ponta direita, passando Haroldo da Costa Santos para o lugar de Nóbrega.


A equipe carioca jogou com o nome de Rio Team e, no final, obteve mais um empate. Desta vez em 2 x 2, sendo os tentos cariocas marcados por Frias e Cullock ( Frias o primeiro do jogo ).


No dia seguinte novo confronto se realizou no mesmo local e teve como resultado o empate em 0 x 0.






Anotações de Oscar Cox feitas de próprio punho, referentes as primeiras partidas entre cariocas e paulistas. Fala inclusive, no abatimento em 50% nas passagens do trem (ida e volta), sem abatimento nas camas.


Foto tirada por Antonio Campos, no dia 20 de outubro de 1901, os rapazes que fizeram o primeiro jogo interestadual. Era a despedida de São Paulo do chamado "Rio Team", pois ainda não existiam clubes cariocas à época - foto de propriedade de Afonso Teixeira de Castro (já falecido).


Surgia o Fluminense


A delegação retornou de São Paulo de trem ( ainda de madeira na época ) e, durante a viagem, surgiu a idéia de se fundar no Rio de Janeiro um clube para a prática do futebol.


Em novembro, uma reunião foi programada e cartões foram distribuídos, convidando várias pessoas para o encontro. Frias, C. Robinson e Cox foram os promotores e a mesma marcada para o dia 30 de novembro de 1901, às 20:30h, na sede do Laranjeiras Club. A reunião visava a fundação do Rio Football Club.




Foto do convite original enviado e assinado por Mário Frias, C. Robinson e Oscar A. Cox. Convocava para a reunião no Laranjeiras Club, visando a fundação do Rio Football Club. ( Acervo do F.F.C. )

A tentativa fracassou e só no dia 12 de julho de 1902, por iniciativa de João Ferreira, é que o clube foi fundado na sede do Natação e Regatas, mas não era específico de futebol.


Ainda no mês de julho, novo grupo foi a São Paulo e nele estavam mais uma vez Oscar Cox, Nóbrega, Costa Santos, Frias e outros. Agora foram duas derrotas em campos paulistas, 1 x 0 para o Internacional e 3 x 0 para o Paulistano.


No regresso de São Paulo, a idéia da fundação de um clube específico para o futebol voltou a ganhar maior força.


Agora com maior organização, foram enviados via correio do então Distrito federal, bilhetes postais formulando o convite para a reunião a ser realizada às 8 ½ h da noite da noite, no casarão da Rua Marquês de Abrantes número 51, residência de Horácio da Costa Santos, afim de tratar-se da fundação do Fluminense Football Club.




O bilhete postal, maltratado pelo tempo, convidando para a reunião de Fundação do Fluminense Football Club. ( Acervo do F.F.C. )

Então, no dia 21 de julho de 1902, no Rio de Janeiro - Distrito Federal, era fundado o Fluminense Football Club.

A reunião foi presidida por Manoel Rios e secretariada por Oscar Cox e Américo Couto. Por proposta de João Carlos de Mello e Virgílio Leite, Oscar Cox foi aclamado primeiro presidente do clube, assumindo então os trabalhos e passando Manoel Rios para secretário. Outra proposta de João Carlos de Mello foi aprovada: os vintes presentes seriam considerados fundadores do clube.


A lista dos 20 sócios Fundadores do Clube






Foram eles:

1 - Horácio da Costa Santos
2 - Mário Rocha
3 - Walter Schuback
4 - Félix Frias
5 - Mário Frias
6 - Heráclito de Vasconcelos
7 - Oscar Alfredo Cox
8 - João Carlos de Mello
9 - Domingos Moitinho
10- Luís da Nóbrega Júnior
11- Arthur Gibbons
12- Virgílio Leite
13- Manoel Rios
14- Américo da Silva Couto
15- Eurico de Moraes
16- Victor Etchegaray
17- A. C. Mascarenhas
18- Álvaro Drolhe da Costa
19- Júlio de Moraes
20- A. H. Roberts






Uma placa em bronze, encrustada em pedra, os homenageia no clube

Homenagem a Oscar Alfredo Cox


Como apresentado, durante aproximadamente um ano, sem desistir um só momento, e com o entusiasmo de sua juventude cheia de ideais Oscar Alfredo Cox, com 22 anos, trabalhou muito pela introdução do futebol no Rio de Janeiro, conseguindo adeptos, derrubando preconceitos e transpondo obstáculos para conseguir chegar a criação do nosso glorioso e eterno Fluminense Football Club.

Oscar Alfredo Cox nasceu no dia 20 de janeiro de 1880 e faleceu na França em 6 de outubro de 1931, com 51 anos de idade.


Foi presidente do clube de 21 de julho de 1902 a 31 de dezembro de 1904 e era 100% amadorista.


Partiu para Londres, em 1910, definitivamente, tendo recebido no seu embarque, uma mensagem de despedida, assinada por sócios do Fluminense. Essa mensagem foi encontrada em seus pertences após sua morte, com os seguintes dizeres: "Cresswell. In case of my death, send to Mario Pollo, secretary of Fluminense F. C. Rio de Janeiro". Sua vontade foi satisfeita.


Filho de George Emmanuel Cox e Minervina Dutra Cox teve seu corpo transladado para o Rio de Janeiro e sepultado no cemitério de São João Baptista, Carneiro Perpétuo 2.068 - Quadra 38, no bairro de Botafogo em 21 de outubro de 1931.


Nós tricolores devemos a ele esta homenagem e uma imensa gratidão. Símbolo da aristocrática juventude de 1902, seu nobre e inesquecível exemplo de perseverança, tornou possível a existência da grande legenda chamada Fluminense Football Club.




Foto de Oscar Alfredo Cox


A Primeira Diretoria


A primeira sessão de diretoria do Fluminense foi realizada no dia 25 de julho de 1902, na casa do presidente Oscar Cox, na Rua São Salvador número 5. Na oportunidade, foi formada a primeira diretoria do clube. Presidente - Oscar Cox; Vice - Luís Nóbrega Júnior; Secretário - Mário Rocha; Tesoureiro - Domingos Moitinho e para a Comissão de Esportes - Horácio da Costa Santos e Félix Frias.


O nome do clube nasceu sem maiores debates tendo sido a idéia inicial Rio Football Club, mas João Ferreira já havia utilizado o nome na sede do Natação e Regatas.
Então surgiu Fluminense, palavra que na época identificava os nascidos no Estado do Rio de Janeiro e no Distrito Federal, apesar de por lei haver distinção, mas o povo considerava todos fluminenses. Uma outra versão tem por base o vocábulo "flumem", que significa rio e por analogia se chegou a Fluminense.


O que importa é que o nome permaneceu e o clube crescia, tanto que, no dia 1 de agosto eram aceitos mais 20 sócios e, na sessão de 10 de outubro, eram aprovadas as propostas de ingresso dos irmãos Arnaldo, Carlos e Guilherme Guinle e de mais 13 sócios.
Em 17 de outubro de 1902, no salão do Clube Laranjeiras, foram aprovados os rigorosos estatutos, a tal ponto que deliberou que fossem "riscados da lista dos fundadores, por falta de pagamento da jóia e da mensalidade, os sócios A. H. Roberts e A. C. Mascarenhas".


O clube crescia e em 8 de agosto de 1904, o então presidente Francis Walter propôs aumentar a jóia de 10 para 50 mil réis. Horácio da Costa Santos o apoiou porque o clube já tinha muitos sócios ( 170 ) e não podia fazer jogos para todos.

As Primeiras Sedes e o Primeiro Campo

O primeiro terreno que os dirigentes tentaram para erguer a sede do clube e fazer o seu campo de futebol foi na Rua Dona Mariana, no bairro de Botafogo. Entretanto o clube e o proprietário do terreno não chegaram a um acordo.


Em 17 de outubro de 1902, o Fluminense alugava do Banco da República, por cem mil réis mensais, o terreno da Rua Guanabara, esquina da Rua Roso. Um ano mais tarde o campo foi nivelado.




Terreno onde está localizado hoje em dia nosso Estádio. Era uma chácara da Rua Guanabara, o terreno alugado ao Banco. Foto tirada por Franz Waitz, em janeiro de 1903, aparecendo os fundadores do clube Mario Rocha e Horácio Costa Santos.


Contam que na época ( 1903 ) a máquina niveladora e a de cortar grama ( inglesas ) eram puxadas pelo burro "Faísca" que, para não estragar o trabalho, era sempre cuidadosamente calçado com luvas de veludo nas quatro patas pelo jardineiro contratado, para não estragar o gramado. "Faísca" ficou então famoso e conhecido como o "burro mais elegante do Rio de Janeiro".




Campo já nivelado e demarcado, no lado direito o local onde foi construída a arquibancada em madeira, em 1905. Nota-se também o fundador Domingos Moitinho e ao fundo nossa 1ª sede

No fundo do campo havia uma casa que mais tarde foi comprada por Eduardo Guinle e serviu como a primeira sede do Fluminense Football Club.



Nossa primeira sede, um simples barracão onde residiam o empregado que cuidava do terreno, com sua família. Foi demolida em 15 de março de 1905, data de início da construção da segunda sede.

O problema da pedreira foi posteriormente resolvido. A casa que pode ser observada é a do empregado José Cardoso da Fonseca, transferiu-se para este local pois o outro barracão tornou-se a primeira sede.

Segunda sede na Rua Guanabara, 39. Construída na administração de Francis Walter, segundo presidente do clube, em 1905. A construção foi bancada com a colaboração dos sócios do clube.

Em 1904, Eduardo Guinle acabou por comprar todo o terreno e o Fluminense passou a pagar o dobro do aluguel.


Em 1905, um ano depois, por conta própria, Eduardo Guinle levantava a primeira arquibancada em um campo de futebol no Rio de Janeiro. Ainda era um simples campo de futebol e não um estádio. Observe a sequência histórica das belas fotos.


O Primeiro Uniforme e a Primeira Bandeira

O uniforme e a bandeira do clube foram aprovados na reunião do dia 17 de outubro de 1902. O uniforme possuía as cores branca e cinza claro, metade de cada cor, gola e escudo sobre o coração, também metade branco metade cinza, com as letras FFC em vermelho.

O calção era branco, as meias pretas e muitos jogadores ainda usando um boné com as cores da camisa.



O primeiro escudo do F.F.C

A bandeira era branca e cinza, dividida em dois triângulos. No canto superior esquerdo da parte branca ficava o escudo.

Entretanto, muita gente não gostou da combinação das cores, acharam de muito pouco bom gosto e extremamente simples.

Oscar Cox e Mário Rocha estavam em Londres tratando da compra de novo material ( uniforme ) e, por carta, haviam informado a dificuldade de combinar as duas cores e por isso sugeriram a combinação do encarnado, branco e verde.


Na reunião de 15 de julho de 1904 o assunto das novas cores foi abordado e a proposta de Mário e Cox aprovada. O Fluminense Football Club tornava-se tricolor. Desta forma, somente em 1904, foi utilizada pela primeira vez nosso consagrado manto com as gloriosas três cores.


Outros Símbolos do Fluminense Football Club

O Tricolor de Laranjeiras sempre se caracterizou por possuir torcedores ilustres e famosos, presidentes, cantores e cantoras, artistas, personalidades ligadas a cúpula do futebol mundial e, desta forma surgiu a idéia de um outro símbolo tricolor - O Cartola.


Idealizado pelo grande caricaturista argentino Mollas o cartola surgiu, elegante, de fraque e cartola com sua imponente piteira, passando a imagem da aristocracia tricolor.

Já o "Pó-de-Arroz" surgiu após a transferência do jogador Carlos Alberto, do América para o Fluminense.

Por ser mulato e a camisa branca tricolor produzir maior contraste em relação a sua pele, do que a camisa do América, o jogador antes de entrar em campo no dia 13 de maio de 1914, tentou disfarçar sua cor colocando um pouco de pó-de-arroz pois estava preocupado com os aristocráticos torcedores tricolores da época.

Ao se iniciar a partida, seu suor começou a escorrer pelo corpo e levava consigo o pó anteriormente colocado.

Assim que os torcedores adversários viram a cena, notaram que o jogador estava com a tonalidade de sua pele diferente ( malhada ), começaram então da arquibancada a gritar "pó-de-arroz", "pó-de-arroz", surgindo desta maneira o novo apelido que também foi incorporado orgulhosamente ao clube.


Conquistas
Confira todas as conquistas do Fluminense.

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Taça Olímpica - 1949
II Copa Rio - 1952
I Copa Viña del Mar - 1976
Torneio de Paris - 1976
XXXII Troféu Teresa Herrera - 1977
Torneio de Seul - 1984
Torneio de Paris - 1987
Copa Kirin - 1987
Torneio de Kiev - 1989

Conquistas Nacionais

Taça de Prata - 1970
Brasileiro - 1984
Campeonato Brasileiro Série C - 1999

Conquistas Regionais

Torneio Rio-São Paulo - 1957
Torneio Rio-São Paulo de 1960



Ídolos do Fluminense
Saiba quem é inesquecível
Conheça os jogadores que fizeram história no futebol do Fluminense ao longo de todos os anos.


Agradecimentos a Aroldo Ferraz
CBF - Textos de Marco Antônio, Bigode e Orlando Pingo de Ouro.
Livro Eu sou é Tricolor (Antônio Carlos T. Rocha)
Jorge Magalhães - www.fluminense.org

Assis
Batatais
Branco
Carlos Alberto Torres
Castilho
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Fonte: www.fluminense.com.br

História do C R Vasco da Gama

História do C.R. Vasco da Gama


INTRODUÇÃO

A História gloriosa do Club de Regatas Vasco da Gama está repleta de fatos importantíssimos. Nosso Clube tem escrito uma das mais belas páginas do desporto brasileiro. Tornou-se uma tarefa das mais difíceis escolhermos dentre tantos feitos algum que pudesse vir a ser a abertura da história vascaína. Acabamos por pinçar, em meio a tantos acontecimentos relevantes, o ato praticado pelo Dr. José Augusto Prestes, Presidente do Vasco em 1924, que não permitiu que o nosso Clube se sujeitasse às coações no sentido de excluir dos seus quadros os atletas negros bem como os de origem humilde. Reproduzimos, a seguir, a carta magistral do nosso então Presidente, um documento com a marca do pioneirismo, independência e, acima de tudo, justiça social, que caracterizam o Club de Regatas Vasco da Gama.

Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.
Ofício nr. 261

Exmo. Sr. Dr. Arnaldo Guinle
M.D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos

As resoluções divulgadas hoje pela imprensa, tomadas em reunião de ontem pelos altos poderes da Associação a que V.Exa tão dignamente preside, colocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada nem pela deficiência do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa sede, nem pela condição modesta de grande número dos nossos associados.
Os privilégios concedidos aos cinco clubes fundadores da AMEA e a forma por que será exercido o direito de discussão e voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.
Quanto à condição de eliminarmos doze (12) dos nossos jogadores das nossas equipes, resolve por unanimidade a diretoria do Club de Regatas Vasco da Gama não a dever aceitar, por não se conformar com o processo por que foi feita a investigação das posições sociais desses nossos consócios, investigações levadas a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.
Estamos certos que V.Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno da nossa parte sacrificar ao desejo de filiar-se à AMEA alguns dos que lutaram para que tivéssemos entre outras vitórias a do campeonato de futebol da cidade do Rio de Janeiro de 1923.
São esses doze jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de sua carreira e o ato público que os pode macular nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles, com tanta galhardia, cobriram de glórias.
Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V.Exa. que desistimos de fazer parte da AMEA.
Queira V.Exa. aceitar os protestos de consideração e estima de quem tem a honra de se subscrever, de V.Exa. At. Vnr. Obrigado

(a) Dr. José Augusto Prestes
Presidente


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História do C.R. Vasco da Gama

1898 - A FUNDAÇÃO


Francisco Gonçalves,
o 1° presidente do Vasco

O século XIX estava com os dias contados.
Prudente de Morais, o terceiro presidente de nossa República, encerrava o seu mandato. O Rio de Janeiro, Distrito Federal, com pouco mais de 500 mil habitantes, era o lugar preferido de jovens que participavam de saraus e recitavam poesias. Nesse ambiente cultural, o remo era um dos únicos esportes com algum destaque na cidade. Aos domingos, uma pequena e educada multidão se agrupava nos arredores do Passeio Público e da Rua Santa Luzia para ver, nas águas limpas da Baía de Guanabara, competições entre os barcos de clubes e seus remadores.

Nessa época, quatro jovens - Henrique Ferreira Monteiro, Luís Antônio Rodrigues, José Alexandre d `Avelar Rodrigues e Manuel Teixeira de Souza Júnior - , cansados de viajar a Niterói para remar com barcos do Club Gragoatá, decidiram fundar uma agremiação de remo.

Depois de uma reunião na casa de um deles, à Rua Teófilo Ottoni 90, o número de interessados aumentou, e os encontros foram transferidos para o Clube Recreativo Arcas Comercial (Rua São Pedro). A idéia era conseguir a adesão de caixeiros portugueses, que gostavam de esportes e não tinham dinheiro para o ciclismo, em voga na época.

Chegara a hora da fundação. Com 62 sócios assinando presença, no dia 21 de agosto de 1898, no Clube Dramático Filhos de Talma (Rua da Saúde, 293) nascia um gigante chamado Club de Regatas Vasco da Gama. A reunião foi presidida por Gaspar de Castro, que convidou para secretariá-lo Virgílio Carvalho do Amaral e Henrique Teixeira Alegria.


O REMO, A PRIMEIRA MODALIDADE ESPORTIVA

A aquisição dos barcos era prioridade para o Vasco. Os sócios se cotizaram e, com muito esforço, conseguiram comprar as baleeiras Zoca, Vaidosa e Volúvel, que estavam de acordo com as especificações determinadas pela União de Regatas Fluminense, entidade que regulava os esportes náuticos no Rio.

Em 04 de junho de 1899 o Vasco venceu sua primeira regata, na classe novos, com o barco Volúvel, de seis remos. O páreo, denominado Vasco da Gama, em homenagem ao novo clube, foi vencido com uma guarnição composta pelo patrão Alberto de Castro e os remadores José Lopes de Freitas, José Cunha, José Pereira Buda de Melo, Joaquim de Oliveira Campos, Antônio Frazão Salgueiro e Carlos Batista Rodrigues.

O ano de 1900 foi um marco na histórica rivalidade com o Flamengo. No primeiro páreo da história do remo no Brasil, e que levava o nome do clube da Gávea, a embarcação do Vasco foi a vencedora.

O destino do Vasco sempre foi a vitória. Com empolgados torcedores assistindo às competições no varandim construído por Pereira Passos às margens da Baía de Guanabara, o primeiro título estadual não demorou. E veio em dose dupla, 1905 e 1906. No ano do bi, dia 26 de agosto, os remadores vascaínos deram outro duro golpe no rival, vencendo mais uma vez um páreo com o nome Club de Regatas do Flamengo.

O primeiro tricampeonato do Vasco e da história do remo carioca veio em 1912, 1913 e 1914, com as embarcações Meteoro e Pereira Passos.

1904 - UM DESAFIO AO RACISMO

Os vascaínos elegeram o primeiro presidente não-branco da história dos clubes esportivos em atividade no Rio. Numa época em que o racismo dominava o esporte, Cândido José de Araújo, um mulato que não dispensava a elegância de um cravo branco na lapela, fez uma gestão exemplar, apresentando o Vasco como um clube aberto e sem preconceitos.

1915 - NASCE O FUTEBOL NO VASCO

Com o sucesso no mar, era hora de colocarr a bandeira vascaína no topo de outras modalidades esportivas.

Trazido da Inglaterra, o futebol, depois de um começo tímido nos primeiros anos do século, vinha ganhando força e popularidade junto aos cariocas. Em 1913, um combinado português veio ao Rio a convite do Botafogo para disputar alguns amistosos. O relativo fracasso do time na excursão não foi suficiente para aplacar a empolgação da colônia lusa com o esporte bretão. Em pouco tempo, os portugueses radicados no Rio formaram seus clubes para a prática dessa modalidade esportiva: o Centro Esportivo Portugues, o Lusitano e o Lusitânia. Dos três, o único que conseguiu manter-se foi o Lusitânia, justamente um clube cujo estatuto só autorizava portugueses nos quadros.

A diretoria do Vasco, interessada desde o início da década em formar um time de futebol, vinha tentando seduzir o escrete luso a se fundir ao clube de regatas. O empecilho era a restrição da nacionalidade, pois as regras do Vasco afirmavam a união de irmãos de todas as raças, mas a norma da Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), que promovia o futebol no Rio, impedia a participação de clubes sem brasileiros em seus quadros. O Lusitânia cedeu e aceitou a fusão.

No dia 26 de novembro de 1915, nascia o futebol do Vasco. Pouco mais de cinco meses depois, no dia 3 de maio de 1916, vestindo uma camisa preta com a Cruz da Ordem de Cristo - equivocadamente chamada de Cruz-de-Malta - à altura do coração, o time do Vasco estreou, no campo do Botafogo, contra o Paladino Futebol Clube, na Terceira Divisão da Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA). O resultado não foi muito animador: goleada de 10 a 1 para os adversários. O gol de honra dos cruzmaltinos, primeiro gol da história do Vasco, foi marcado por Adão Antônio Brandão, um portugues que viera para o Rio de castigo, pois o pai não perdoava sua falta de gosto pelos estudos.


Adão marcou o 1° gol da história do Vasco.

Nos tempos do amadorismo, Adão marcou época no clube como um atleta polivalente, que se destacava tanto no futebol quanto em outros esportes, como atletismo, remo, natação e polo aquático. Jogou futebol até 1933, quando o esporte se profissionalizou no então Distrito Federal.

O fracasso nos jogos iniciais não desanimou o time. A primeira vitória surgiu pouco tempo depois, no dia 29 de outubro de 1916: o Vasco venceu a Associação Atlética River São Bento por um magro, porém convincente, marcador de 2 a 1. Os gols que deram a alegria aos vascaínos foram de Alberto Costa Júnior e Cândido Almeida. A partida, disputada no campo do São Cristóvão, na Rua Figueira de Mello, valia pontos para a Trceira Divisão da LMSA. No entanto, o resultado positivo não foi suficiente para melhorar a colocação e o time de São Januário terminou em último lugar.

Em 1917, a LMSA foi reformada e passou a ser denominada Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMTD). O número de participantes em cada Divisão aumentou para dez e os seis clubes da Terceira Divisão - inclusive o Vasco - foram promovidos para a competição da Segunda. No campeonato daquele ano, o Catete ficou com o título, mas o time cruzmaltino começou a mostrar sua força, com nove vitórias em 16 jogos e a quarta colocação no total geral de pontos. No ano seguinte, o título foi conquistado pelo Americano, time da capital, mas o Vasco chegou ainda mais perto, terminando a disputa na terceira colocação.

Em 1919, o Vasco, mesmo com nove vitórias, chegou na quinta posição, deixando o título para o Palmeiras. No ano seguinte, um quarto lugar. No campeonato de 1921, a Liga Metropolitana reordenou as Divisões, separando a Primeira pelas categorias A e B. O Vasco foi conduzido para a B, e os bons resultados não demoraram a aparecer. Os cruzmaltinos chegaram perto mais uma vez, dois postos atrás do time campeão, o Vila Isabel.

1922 - CHEGANDO À PRIMEIRA DIVISÃO DO FUTEBOL

Em 1922 a redenção. O Vasco venceu a Série B em todos os quadros que disputou. Quem esteve no estádio da Rua Morais e Silva, no dia 17 de julho daquele ano, viu o time principal massacrar o Carioca, imputando-lhe um humilhante 8 a 3, e levantar a Taça Constantino, primeira na história do futebol do clube.

A equipe, comandada pelo rigoroso técnico uruguaio Ramón Platero, jogou com Nélson, Mingote e Leitão, Nolasco, Bráulio e Artur, Pascoal, Cardoso Pires, Torterolli, Claudionor e Negrito. O artilheiro foi Claudionor, que marcou quatro gols, seguido de Cardoso Pires, com dois. Pascoal e Torterolli fizeram um cada.

Muito mais do que um título, a goleada deu ao Vasco a chance de que precisava para estar entre os grandes, na Série A da Primeira Divisão, e mostrar seu valor. Com um time cada vez melhor e uma torcida que começava a mostrar sua força nos subúrbios do Rio, seria mais fácil do que se imaginava. Mas, antes, a equipe teria de enfrentar o São Cristóvão, último colocado da Divisão Principal em 22, para ganhar a vaga entre os grandes. Como houve empate sem gols, o Vasco ganhou a almejada promoção e o São Cristóvão não foi rebaixado.

1923 - O PRIMEIRO TÍTULO LOGO NA ESTRÉIA ENTRE OS GRANDES


O 1° time campeão entre os grandes

No ano seguinte, com os cariocas ainda chorando a morte de Ruy Barbosa, o time entrou na disputa pelo título principal do futebol da cidade. O Vasco, um clube desacreditado, vinha de um campeonato em que os oponentes eram times fracos. E enfrentaria os grandes, como Flamengo, Fluminense, Botafogo e América.

Mas um fato despertou curiosidade. Enquanto os times que disputavam a Série A eram formados exclusivamente por jovens da elite carioca, o Vasco chegava ao campeonato recheado de jogadores negros e de operários, todos arrebanhados nos terrenos baldios dos subúrbios cariocas. O técnico Ramón Platero submetia os jogadores a um ritmo alucinante de treinos, fazia-os correr diariamente do campo do Vasco, então na Rua Morais e Silva, na Quinta da Boa Vista, até a Praça Barão de Drumond, em Vila Isabel. Os demais grandes, apesar de instigados, não notaram a força do time do Vasco.

Depois de um empate em um gol com o Andaraí, em General Severiano, a nau vascaína se aprumou no campeonato e foi esmagando seus adversários, sempre utilizando uma técnica infalível. Como o preparo físico do time era evidentemente superior ao dos outros, Platero fazia seu time levar o primeiro tempo em ritmo lento, para, no segundo, arrasá-los. Todas as 11 vitórias no campeonato foram alcançadas nos últimos 45 minutos.

No fim do primeiro turno, o Vasco já apresentava números assustadores para os adversários: seis vitórias e apenas um empate, na estréia no campeonato. A equipe cruzmaltina seguia seu caminho de sucesso também no segundo turno, quando encontrou pela frente seu já conhecido rival de Regatas, o Flamengo. Na primeira vez na história em que os dois times se enfrentaram, no turno anterior, o Vasco chegara à vitória pelo marcador de 3 a 1. Os camisas pretas - apelido dado aos jogadores vascaínos por causa do uniforme - vinham massacrando seus adversários e o time rubro-negro seria apenas mais um a cair.

Domingo, 8 de julho de 1923. O título Clássico dos Milhões, que mais tarde nomeou o confronto entre os dois rivais, já poderia ter sido inventado naquela tarde, no campo do Fluminense, na então Rua Guanabara.

A Liga Metropolitana, responsável pela organização do campeonato e de olho na grande arrecadação, pos ingressos demais à venda. O resultado foi contado nos jornais da época. " Mais de 35 mil pessoas, sem exagero, encheram as vastas dependências do tricolor", escreveu "O Imparcial". Com todos os espaços reservados ao público preenchidos, muitos torcedores pularam a grade que separava o campo para assistir ao jogo da pista de atletismo. O interesse naquela partida era justificável: os vascaínos vinham vencendo todos os clubes cariocas e o que se viu naquela tarde foi uma reunião de torcedores de todos os times contra os terríveis camisas pretas.

O Flamengo largou na frente e logo depois ampliou a vantagem para 2 a 0. No início do segundo tempo Cecy diminuiu, mas em seguida os rubro-negros ampliaram o marcador. A quatro minutos do fim Arlindo descontou mais uma vez para o Vasco, deixando o marcador em 3 a 2. Na sequência, houve uma forte pressão dos vascaínos, mas o Flamengo conseguiu sustentar o resultado. O jogo criou uma polêmica histórica. Os cruzmaltinos afirmam, até hoje, ter havido um terceiro gol, mal anulado pelo árbitro. Mas não há qualquer registro desse lance na imprensa carioca.

Resta a dúvida na cabeça de alguns vascaínos: será que, como a torcida que lotava o estádio, os jornalistas também torciam contra os camisas pretas? No entanto, a derrota para o rival não abalou a confiança do Vasco que partiu com tudo para buscar o título.

Bem alimentados pelas refeições que faziam no restaurante Filhos do Céu, na Praça da Bandeira, e bem dispostos, graças ao repouso oferecido no dormitório do Clube, os jogadores cruzmaltinos enfretaram, a seguir, América, Fluminense e São Cristóvão. Rubros e tricolores caíram na mesma tática das demais vitórias vascaínas e foram liquidados, no segundo tempo, pelo suficiente placar de 2 a 1. Uma vitória sobre o São Cristóvão, na penúltima rodada, daria o título por antecipação aos cruzmaltinos. Por isso mesmo, o adversário partiu para cima e marcou primeiro, ampliando a vantagem logo a seguir. Com 2 a 0 no placar, o público que torcia contra o Vasco acreditava que a parada estava ganha. Contudo, mais uma vez, a estratégia de Ramón Platero funcionou e, na etapa final, o time entrou com mais fôlego e virou a partida para 3 a 2, com um gol de Cecy e dois de Negrito.

Os camisas pretas, no seu ano de estréia na Série A da Primeira Divisão, tornavam-se campeões com todos os méritos possíveis, com o seguinte time base: Nélson, Leitão e Mingote, Nicolino, Claudionor e Artur, Pascoal, Torterolli, Arlindo, Cecy e Negrito.

1923 - O VASCO CRIA O BICHO NO FUTEBOL

Nesse campeonato o Vasco instituiu uma forma criativa de pagamento aos seus jogadores. Nos mercados de secos e molhados da Saúde e da Rua do Russel, os portugueses tinham o hábito de apostar nas vitórias do Vasco.

Como quase sempre venciam, decidiram dividir o lucro com os jogadores. Contudo, os atletas não poderiam receber em dinheiro, já que eram amadores. Criou-se, então, uma tabela que rendia uma premiação de animal, de acordo com a importância do adversário que o Vasco vencia. O América, o campeão em 22, valia uma vaca com quatro pernas. O Flamengo, bicampeão em 20/21 era merecedor de uma vaca com três pernas. Uma vitória sobre o tricolor carioca era trocada por duas ovelhas e um porco. Vencer o Botafogo e outros times também rendiam algum animal, sempre de galo para cima.

Estava então criado o bicho, um tipo de premiação por bom resultado em um jogo e que viraria uma instituição no futebol brasileiro.

1924 - UMA RESISTÊNCIA À DISCRIMINAÇÃO RACIAL E SOCIAL

Enquanto na política o líder era o presidente Arthur Bernardes, no futebol a equipe vascaína vencia quase todas as partidas que disputava e também as competições. Depois de atropelar os adversários no ano anterior, em 1924 o Vasco já era o inimigo número 1 das demais torcidas cariocas. Um rival a ser batido, de qualquer maneira.

E já que era difícil bate-lo em campo, os dirigentes dos clubes rivais resolveram investigar as posições profissionais e sociais dos camisas pretas, pois o futebol ainda era amador e jogador não podia receber pela prática do esporte. Um verdadeiro golpe para tirar o Vasco das disputas.

Entretanto, os vascaínos driblaram com categoria as leis da Liga Metropolitana ao registrarem seus craques como empregados de estabelecimentos comerciais dos portugueses.

Não satisfeitos, os membros da sindicância da entidade resolveram fiscalizar a veracidade das informações. O tricolor Reis Carneiro, o rubro Armando de Paula Freitas e o rubro-negro Diocésano Ferreira se cansaram de bater às portas das firmas lusitanas e ouvir que os jogadores, ou melhor, funcionários, estavam realizando serviços externos.

A fiscalização das profissões dos jogadores era, na realidade, ilegítima. Por baixo dos panos, muitos atletas dos grandes clubes cariocas já recebiam para jogar. O que de fato incomodava os adversários era a origem daqueles jogadores: um time formado por negros, mulatos e operários, arrebanhados nas áreas pobres da cidade do Rio de Janeiro. E, ainda por cima, com o troféu nas mãos.

Depois de esgotadas todas as possibilidades de retirar o Vasco da disputa, pelo regulamento da Liga Metropolitana, os adversários apelaram para a criação de uma nova entidade, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). Aceitaram a inscrição de todos os grandes e, é claro, recusaram a dos vascaínos. Com um argumento nada convincente. Segundo os dirigentes adversários, o time cruzmaltino era formado por atletas de profissão duvidosa e o clube não contava com um estádio em boas condições.

Realmente, o campo da Rua Morais e Silva não tinha a estrutura que o Vasco merecia, mas não era esse o problema. Isso ficou claro na proposta feita pela AMEA, excluir 12 de seus jogadores da competição, justamente os negros e operários. O Vasco recusou a proposta por uma carta histórica de José Augusto Prestes, então presidente cruzmaltino, ao presidente da AMEA, Arnaldo Guinle:

"Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923", argumentou Prestes. Ele prosseguiu defendendo seus atletas. "São 12 jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de suas carreiras. Um ato público que os maculasse nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias". E finalizou, decidindo não entrar na nova entidade: "Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da Amea".

Sem um campo em condições e vítima do racismo de seus adversários, restou ao Vasco disputar, com outros 21 times de menor expressão o campeonato da abandonada Liga Metropolitana de Desportos Terrestres. Dezesseis vitórias depois, sem nenhum empate ou derrota, os camisas pretas levantavam o bicampeonato sem dificuldades. No triangular final, no campo do Andaraí, o Vasco goleou por 5 x 0 o Engenho de Dentro e passou sem dificuldades pelo Bonsucesso, com uma vitória simples. O time base era quase uma repetição do ano anterior, com apenas duas substiuições: Nicolino por Brilhante e Arlindo por Russinho. Ramón Platero permanecia firme no comando.

No ano seguinte, graças à intervenção de Carlito Rocha, dirigente do Botafogo e árbitro da polêmica partida contra o Flamengo, em 1923, o Vasco foi admitido na Amea. O Clube mandava seus jogos no campo do Andaraí, onde é hoje o Shopping Iguatemi, mas seus dirigentes já se movimentavam para construir um bele estádio de futebol. E, por tabela, dar uma lição naqueles que um dia afastaram os camisas pretas da disputa com os grandes.

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História do C.R. Vasco da Gama

1927 - SURGE SÃO JANUÁRIO, O GIGANTE DA COLINA


O Estádio de São Januário

Diante de tanta discriminação, o Vasco iniciou uma campanha histórica de arrecadação de fundos entre associados e simpatizantes para a construção de um estádio à altura da grandeza do Clube. Na volta à Divisão dos principais times do Rio, em 1925, o Vasco fez boa campanha, 13 vitórias, três empates e duas derrotas, terminando em terceiro lugar. Em 1926, os camisas pretas chegaram ao vice-campeonato, ao vencerem 14 das 18 partidas disputadas.

Mas os vascaínos estavam muito mais preocupados em realizar o sonho de um estádio do que com o Campeonato Carioca. O tempo provaria que eles estavam certos, nos anos seguintes à inauguração de São Januário, o Vasco construiria um império respeitável de títulos e ganharia projeção internacional.

Em pouco tempo, as contribuições de torcedores e simpatizantes somavam 685 contos e 895 mil réis. O dinheiro era suficiente para a aquisição de uma enorme área em São Cristóvão. Com o terreno comprado, o próximo passo seria ainda mais difícil: arrecadar aproximadamente dois mil contos de réis para a construção do estádio. Outra vez, a força do povo falou mais alto e, em pouco mais de um ano, as obras se iniciavam.

Durante a construção surgiu uma pedra no caminho do Vasco. O presidente da República, Washington Luís, se negou a autorizar a importação de cimento belga - já utilizado na construção do Jockey Club -, mesmo sabendo que o país ainda não dispunha do produto para obras dessa grandeza. Os construtores, então, acharam uma solução criativa, na mistura de cimento, areia e pedra britada.

São Januário se tornaria não apenas um belo estádio, mas um marco na história da construção civil do país. Dez meses depois de lançada a pedra fundamental, o Estádio de São Januário era inaugurado em 21 de abril de 1927, com a presença de Washington Luís que, pouco tempo antes, havia dificultado a construção.

Era dia de festa e a parida inaugural do estádio. O time da casa recebeu o Santos, grande potência do futebol paulista àquela época, e foi derrotado por 5 a 3. O resultado negativo pouco importou. O que ficou foi a nova realidade do clube.

Até o ano de 1941, quando foi inaugurado o Pacaembu, em São Paulo, São Januário reinou absoluto por 14 anos como o maior e melhor estádio do Brasil.

JOGADOR VASCAÍNO CRIA O GOL OLÍMPICO

Em março de 1928, o Vasco inaugurou os refletores e a arquibancada atrás de um dos gols, em amistoso contra o time uruguaio Wanderes. O Vasco venceu por 1 a 0, com um gol feito de cobrança de córner, entrando direto no gol uruguaio. Através do jogador Santana nascia, naquele exato momento, o gol olímpico. Essa denominação deveu-se ao fato de que os uruguaios eram os atuais campeões olímpicos. Esse tipo de gol passou a ser chamado de olímpico.

SURGE O GRITO DE GUERRA CASACA

Conta o benemérito vascaíno Francisco Rainho que, a essa época, o negociante João de Lucas, um vascaíno apaixonado, que mais tarde fundaria a Torcida Organizada do Vasco (TOV), costumava comemorar as vitórias de forma criativa. Como o Vasco reunia torcedores das mais diversas classes sociais, entre seus amigos de clube estavam membros da elite carioca, com suas casacas impecáveis. Para reverenciar esses senhores, João criou um refrão que se tornaria o grito de guerra do clube:

CASACA, CASACA, CASA-CASA-CASACA!
A TURMA É BOA É MESMO DA FUZARCA
VASCO! VASCO! VASCO!

1931 - PRIMEIRO CARIOCA NO EXTERIOR

Em 1931, o Vasco chegou ainda mais perto do título carioca. Na última rodada, com um ponto de vantagem sobre o América, o time cruzmaltino perdeu por 3 a 0 do Botafogo, enquanto o América vencia por 3 a 1 o Bonsucesso e garantia mais uma taça.

Neste campeonato, os vascaínos impuseram a maior goleada da história no rival rubro-negro, com um humilhante placar de 7 a 0. Só que não foi esse o fato mais marcante do ano em São Januário: o Vasco se tornou o segundo clube brasileiro - o Paulistano, de São Paulo, abriu as portas - e o primeiro carioca a ser onvidado para uma excursão à Europa, mais precisamnte a Portugal e Espanha.

Para reforçar a equipe, os dirigentes convidaram Nilo, Carvalho Leite e Benedito (Botafogo) e Fernando (Fluminense). Em 12 partidas, o Vasco venceu oito, empatou uma e perdeu três. Marcou 45 gols e sofreu apenas 18.

As consequências do sucesso vieram logo em seguida: os jogadores Fausto e Jagaré foram contratados pelo Barcelona, um dos times que sofreram com a técnica dos camisas pretas.

1935 - NASCE O CLÁSSICO DA PAZ

Por causa de uma briga com o Flamengo, originada no remo, o Vasco abandonou a Liga e criou, com o Botafogo, a Federação Metropolitana de Desportos (FMD) filiada à CBD. Em 1935 o Vasco ficou com o terceiro lugar. No entanto, os camisas pretas ganharam novamente em 1936. O único time que fez frente foi o Madureira, em três partidas finais.

A reconciliação no futebol carioca aconteceu em 1937, graças à iniciativa dos presidentes de Vasco e América, respectivamente Pedro Pereira Novaes e Pedro Magalhães Corrêa, no dia 29 de julho foi criada a Liga de Football do Rio de Janeiro, unificando todos os médios e grandes clubes cariocas. Para comemorar a vitória fora de campo, os dois times s enfrentaram em São Januário, no dia 31 do mesmo mês, em partida de renda recorde na cidade. Desde então, o jogo entre os dois clubes ganhou o apelido de Clássico da Paz.

1945 - SURGE A FAIXA DIAGONAL


O Ataque de 45

O Vasco buscou os reforços de Augusto (São Cristóvão), Eli (Canto do Rio), Danilo (América), Ademir (Sport Recife), além de Lelé, Isaías e Jair (todos do Madureira). Com esses nomes, os cruzmaltinos montavam a base de um time que marcaria história no Vasco da Gama, no Brasil e no mundo.

A primeira providência de Ondino Vieira foi trocar as camisas da equipe. Com passagem anterior pelo River Plate, o técnico se inspirou no uniforme do time argentino e adotou uma faixa diagonal branca na camisa de cor preta. E, para os dias mais quentes, criou o modelo branco, que absorve menos calor, com a faixa preta. Era o fim dos camisas pretas e o início do Expresso da Vitória.
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História do C.R. Vasco da Gama

1947 - O EXPRESSO DA VITÓRIA

O Vasco vinha com uma ataque de espantar qualquer defesa, Djalma, Maneca, Friaça (Dimas), lelé (Ismael) e Chico. No comando da equipe, Flávio Costa, tricampeão (42/43/44) pelo Flamengo substituia Ernesto dos Santos, que fracassara no ano anterior.

Depois de vencer com facilidade o torneio Estadual, marcando 40 gols em apenas dez jogos, o time continuou atropelando seus adversários no Carioca, estufando as redes 68 vezes em 20 partidas. No primeiro turno desse campeonato, o Vasco ganhou do Canto do Rio por 14 a 1, impondo a maior goleada da fase profissional do futebol carioca. O adversário ainda tentou evitar o vexame substituindo o goleiro no intervalo quando o jogo estava 5 a 0. Antes tivesse deixado o infeliz em campo.

No jogo mais difícil contra o Botafogo de Heleno de Freitas, um empate sem gols garantiu o título ao Vasco. O Expresso terminou o campeonato invicto, com sete pontos à frente do alvinegro.

1948 - VASCO CONQUISTA PRIMEIRO TÍTULO INTERNACIONAL PARA O BRASIL

Com a volta de Ademir ao time, um título muito especial estava reservado para o ano de 1948. O Vasco, como campeão do Distrito Federal de 1947, foi convidado pelo Colo Colo para disputar o Torneio dos Campeões Sulamaericanos, no Chile. Jogando contra grandes times de sete países do continente, em turno único, todos contra todos e contando pontos corridos, os cruzmaltinos não deram chances aos adversários e trouxeram o caneco para casa de forma invicta.

A conquista começou a ser desenhada na segunda partida, em que o Vasco aplicou um irreparável 4 a 0 no temido Nacional, do Uruguai, do artilheiro Atílio Garcia. Pintou em cores vivas quando a equipe de São Januário arrancou um empate em 1 a 1 com o time da casa. E virou realidade no heróico 0 a 0 contra o River Plate de Di Stéfano que marcara 27 gols no campeonato argentino daquele ano. Nesse jogo, que entrou para a história do Vasco, Barbosa pegou um pênalti e o árbitro anulou um gol do Vasco.

Esta conquista representou o primeiro título internacional do futebol brasileiro, seja de clube ou seleções, o que reforça o pioneirismo do Clube de São Januário.

1949 - RECORDE DE GOLS, MAIS UM CAMPEONATO INVICTO

Em 1949 o Vasco contou com a presença de Heleno de Freitas no comando do ataque. Se o time já havia assustado as defesas adversárias com goleadas históricas, nesse ano os goleiros perderiam a conta do número de vezes que buscariam a bola no fundo da rede. Foram 84 gols em apenas 20 jogos, um recorde. E mais um título invicto, ainda sob o comando de Flávio Costa.

O rival Flamengo, que desde 44 não ganhava do Vasco, voltou a sofrer com o Expresso. Os rubro-negros chegaram a fazer 2 a 0 no placar, em plena Gávea. Eufóricos, os flamenguistas davam como certa a vitória. No fim da partida, o placar anunciava 5 a 2 para os cruzmaltinos, para desespero do adversário.

1950 - A BASE DA SELEÇÃO, QUASE CAMPEÃ MUNDIAL DE 1950

O Brasil de 1950 com exibições de gala, mas por motivos políticos e da velha rivalidade Rio x São Paulo acabou perdendo o seu primeiro mundial em pleno Maracanã. A base da seleção brasileira era a equipe do Vasco, disparada a melhor do Brasil, com cinco jogadores em campo: Barbosa, Augusto, Danilo, Chico e o artilheiro da Copa do Mundo, o grande ídolo Ademir.

1950 -O EXPRESSO DA VITÓRIA E DAS GOLEADAS HISTÓRICAS


O Expresso da Vitória

No primeiro Campeonato realizado no Maracanã, o Vasco voltou ao hábito de marcar muitos gols. Logo no jogo de estréia, o São Cristóvão sentiu o sabor amargo de ser goleado: 6 a 0. Depois, os vascaínos, ainda atropelaram o Madureira (9 a 1), o Canto do Rio (7 a 0), o Bonsucesso (7 a 2) e o Fluminense (4 a 0) que no turno anterior havia derrotado o Vasco por 2 a 1. O último jogo foi contra o América, outro que derrotara o Vasco no turno. O Vasco venceu (2 a 1) e levou mais um título para São Januário.

A denominação Expresso da Vitória surgiu num programa esportivo e musical da Rádio Nacional, que contava com a participação de Lamartine babo, entre outros. Lá pelas tantas, um cantor, ao se apresentar, disse que dedicaria a música ao Vasco, o Expresso da Vitória, um time que atropelava os adversários em campo. Quem contou essa história foi Ademir, em entrevista à "Folha do Esporte". O nome escolhido pelo cantor para homenagear a maior locomotiva de gols da história do Vasco não poderia ter sido mais oportuno. Com o fim do Expresso era a hora da renovação.

1953 - A RENOVAÇÃO

Em 1953, Vavá, Bellini, Sabará e outros jogadores de talento e força foram incorporados definitivamente ao time principal. O ano começou bem para o Vasco. No Quadrangular Internacional do Rio, disputado no Maracanã com Boca Juniors e Racing, ambos da Argentina, e Flamengo, os cruzmaltinos levaram o título com dois empates com os argentinos e mais uma goleada de 5 a 2 nos rubro-negros. Em seguida, foi para o Chile disputar o Torneio Internacional de Santiago. Venceu o colombiano Milionários e, mais uma vez, o Colo Colo, pelo suficiente placar de 2 a 1, sagrando-se campeão.

1958 - O PIONEIRISMO DO VASCO, MAIS UMA VEZ, NO GESTO DE BELLINI

Em 1958, ano de Copa do Mundo, o Vasco cedeu Bellini, Orlando e Vavá para ajudar a Seleção Brasileira a conquistar seu primeiro título de campeã. A competição foi na Suécia e a final, com os donos da casa. Após 90 minutos, Brasil 5 a 2, com dois gols de Pelé, um de Zagallo e dois de Vavá. Coube ao capitão da seleção, o nosso Bellini erguer, com as duas mãos e sobre a cabeça, a Taça Jules Rimet. Um gesto que se tornou famoso e depois acabou sendo copiado por todos os capitães cujas seleções já foram campeãs do mundo.

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De 58 aos dias de hoje



História do C.R. Vasco da Gama

1958 - O SUPER-SUPERCAMPEONATO

O título do Brasil tornou o Carioca de 1958 especial. Com excelentes jogadores, o Vasco vendeu o campeão mundial Vavá para o Atlético de Madrid. Mas nem assim caiu de produção: os substitutos, como esperavam dirigentes, comissão técnica e torcedores, deram conta do recado. Ao final de dois turnos, Vasco, Flamengo e Botafogo estavam com o mesmo número de pontos ganhos. Foi realizado, então, um supercampeonato, em turno único, com os três jogando entre si. Depois de derrotar o Flamengo por 2 a 0, o Vasco perdeu do Botafogo, provocando um novo empate entre os três.

A saída foi disputar o Super-supercampeonato. Uma vitória por 2 a 1 sobre os alvinegros e um empate em 1 a 1 com os rubro-negros garantiu o tão sofrido e valorizado título para o time de São Januário.

1965 - TROFÉU QUARTO CENTENÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Dentro da inexpressiva década vascaína de 1960, o ano de 1965 talvez tenha sido um dos mais significativos para o time de São Januário. Em comemoração ao quarto centenário da Cidade do Rio de Janeiro, foi organizado um grande torneio contando com o Vasco, Flamengo e Seleção da Alemanha Oriental. O Vasco venceu o Flamengo e a seleção alemã, conquistando, de forma sensacional o título de Campeão do Troféu Quarto Centenário.

1974 - O PRIMEIRO TÍTULO DE CAMPEÃO BRASILEIRO

A decisão, marcada anteriormente para o Mineirão, foi transferida para o Maracanã, pois no jogo anterior dirigentes do Cruzeiro, alegando um pênalti não marcado a favor da equipe mineira, invadiram o campo. Resultado, perderam o mando de campo e o jogo foi transferido para o Rio. O Cruzeiro de Piazza e Palhinha começou assustando, mas não demorou e o vascaíno Ademir estufou as redes. Na etapa final, Nelinho, chutando de longe, fez 1 a 1.


Jorginho Carvoeiro marca o gol do título.

A agonia somente acabou aos 36 minutos, quando Alcir lançou Jorginho Carvoeiro que dividiu com o goleiro Victor e fez o gol do título. Dessa forma, com o seu pioneirismo, o Vasco carimbava mais uma página da história sagrando-se o primeiro Clube do Rio a ser Campeão Brasileiro.

1987/88O BICAMPEONATO CARIOCA

Em 1987 o país chora a morte do poeta Carlos Drumond de Andrade, entretanto, ao menos a alegria do futebol estava garantida pela dupla Roberto Dinamite e Romário. A equipe vascaína fez ótima Taça Guanabara chegando à decisão dom o Flamengo e precisando apenas de um empate. Atuou garantindo o 0 a 0 Após o vice da Tara Rio, o Vasco disputou o a final em um triangular com o Bangu e o Flamengo.

O time de Moça Bonita foi goleado por 4 x 0. Era a hora de acertar as contas com o Flamengo, não deu outra com uma exibição de gala, um passe sensacional de Roberto Dinamite, em uma das jogadas de maior beleza plástica que o Maracanã já viu, a bola veio limpa para Tita, ex-jogador do Flamengo, que mandou um balaço para as redes adversárias fechando o caixão do Flamengo. Melhor revanche, impossível. Vasco Campeão Carioca de 1987.

No Estadual de 1988, após o vice-campeonato da Taça Guanabara, o Vasco voltou a mostrar sua força e venceu a Taça Rio. Neste Estadual o Vasco iniciou uma série de vitórias em cima do Flamengo, chegando a fazer a quina, ao vencer cinco jogos consecutivos. A primeira (1 a 0) foi ainda na Taça Rio, gol do apoiador Henrique. Em seguida, já no terceiro turno, depois de vencer o Americano e empatar com o Fluminense, o Vasco ganhou do Flamengo por 3 a 1, com dois gols de Sorato e um de Vivinho.

Com esse resultado a equipe de São Januário jogaria a final em duas partidas com os rubro-negros, podendo até alcançar a quarta em razão do número de pontos necessários. No primeiro jogo da final, Vasco 2 a 1, gols de Bismarck e Romário. Na partida decisiva, por precisar somente do empate, o Vasco jogou recuado. Faltando cinco minutos para o fim do jogo, o técnico Sebastião Lazaroni tirou Vivinho e colocou em campo o Cocada. Logo após entrar o lateral direito deu um corte no zagueiro Edinho e fuzilou da entrada da área marcando o gol do título e entrando para a história do Clube.

1989 - O BICAMPEONATO BRASILEIRO

Em 1989, com a venda de jogadores para o exterior, o Vascão arrecadou dinheiro para montar um supertime. Bebeto foi tirado do Flamengo numa grande jogada dos dirigentes vascaínos, após um desentendimento entre o clube rival e o jogador. Para completar o elenco chegaram Luís Carlos Winck, Boiadeiro, entre outros.

Em excursão à França o Vasco derrotou a equipe francesa do Metz e o time iugoslavo Estrela Vermelha, ganhando o Torneio de Metz. Em seguida a equipe chegou ao tri do Ramon de Carranza, derrotando o espanhol Atlético de Madri e o uruguaio Nacional. Era a hora de mais um Brasileiro. Mesmo com um ótimo elenco o Vasco demorou a engrenar no campeonato.

O time alternava partidas brilhantes com outras apenas razoáveis e o craque Bebeto era vítima de sucessivas lesões. O título de favorito já estava começando a cair por terra e quando ninguém mais acreditava o Vasco reagiu nas partidas, justamente, mais difíceis. Venceu o Corínthians em São Paulo e o Internacional em Porto Alegre. Com a virada, foi à final com um ponto de vantagem sobre o São Paulo, o que lhe bastava uma vitória para sagrar-se Campeão.

O técnico Nelsinho reuniu o elenco e todos concordaram em jogar a primeira fora de casa. Caso perdessem, fariam a final no Maracanã. No jogo do Morumbi o Vasco usou a estratégia de deixar o São Paulo vir para cima e explorar os contra-ataques em alta velocidade. Aos cinco minutos da etapa final, após cruzamento de Winck, Sorato cabeceou com violência no canto direito do goleiro Gilmar, marcando o gol do título. O goleiro Acácio, em tarde inspiradíssima, fez defesas magistrais. O Vasco ganhava o seu título de bicampeão Brasileiro.

1992/93/94 - O TRICAMPEONATO ESTADUAL

Com o Maracanã interditado para obras, depois do grave acidente na final do Brasileiro de 1991, o Estádio de São Januário serviu de palco para os grandes jogos do Rio.

Foi um título invicto, após vencer os dois turnos disputados, sem a necessidade de final. A equipe garantiu a conquista com uma vitória por 1 a 0, gol de Valdir contra o Bangu.



No último jogo da competição, um empate com o Flamengo em 1 a 1 serviu de pano de fundo para um momento de emoção para os torcedores do Vasco, Roberto fazia sua despedida dos campos em jogos do Carioca. Maior goleador do clube em todos os tempos, foram 698 gols em 1.110 jogos com a camisa cruzmaltina. Dinamite saiu dos campos com a mesma simplicidade que o fez alcançar o sucesso.

Em 1993, depois de ser vice na Taça Guanabara o Vasco recuperou-se, venceu a Taça Rio e ganhou o direito de disputar as finais. Depois de uma vitória para cada lado, o Vasco jogou para segurar o empate contra o Fluminense e saiu de campo com o título de bicampeão estadual.

O ano de 1994 foi marcado pela passagem relâmpago de Dener por São Januário. Jogador em que os vascaínos depositavam muita esperança, ela acabou tendo carreira curta. Morreu, tragicamente num acidente automobilístico na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio. O craque fez apenas 12 jogos e três gols, mas encantou os torcedores com o seu talento. Entretanto, não foi um ano só de tristezas, principalmente para a equipe vascaína, pois a conquista da Taça Guanabara com um humilhante 4 a 1 em cima do Fluminense foi apenas um bom prenúncio.

No jogo final contra o tricolor das Laranjeiras Jardel fez 2 a 0 e garantiu o título "Tri, Tri, o Vasco é Tri! Cantou eufórica a torcida vascaína em todo o Brasil.

1997 - O TRICAMPEONATO BRASILEIRO

Poucos torcedores vascaínos poderiam imaginar o espetáculo a que assistiriam em 1997. Edmundo, após passagens apagadas por Flamengo e Corínthians, estava na equipe. Mauro Galvão, que tinha contra si a idade avançada foi chamado para comandar a defesa. Evair, com o aval de Edmundo, chegou para formar a dupla de ataque com o craque. Até aí nada demais, só que Lopes resolveu mesclar esses jogadores com jovens formados no clube ou que já atuavam pelo Vasco.

Edmundo estabeleceu o novo recorde de gols em uma partida pelo campeonato brasileiro, assinalando seis gols na equipe do São João. Neste mesmo campeonato ele quebraria com seus 29 tentos o recorde de gols em campeonatos brasileiros.

Domingo de final, 21 de dezembro de 1997, noventa mil vascaínos se aglomeravam no Maracanã para ver o time enfrentar o Palmeiras e se sagrar tricampeão brasileiro. Um empate seria o suficiente. Depois do 0 a 0, o Vasco levantou o seu terceiro título Brasileiro.

1998 - O TÍTULO ESTADUAL DO CENTENÁRIO

Ano do Centenário, cem anos de glórias. A equipe perdeu Edmundo para a Fiorentina, Evair para a Portuguesa, mas trouxe Luizão que estava no La Coruña e Donizete que jogava pelo Corínthians. As demais equipes chamadas grandes, como o Flamengo, Fluminense e Botafogo, em mais um ato espúrio no esporte brasileiro, desrespeitando o centenário do Vasco tumultuaram o campeonato, tentaram tirar o brilho, mas não adiantou, mesmo com W.O e outros recursos anti-esportivos, o Vasco foi campeão por antecipação jogando contra o Bangu em Moça Bonita.

Para sacramentar o ídolo que sempre foi, nada mais nada menos do que Mauro Galvão o autor do gol do título, já nos descontos de uma partida complicada que parecia caminhar para o 0 x 0. Ao contrário da torcida do seu maior rival, no ano do Centenário do Clube os vascaínos soltaram o grito: É Campeão!!!!!!!!!!!!

1998 - O BICAMPEONATO SULAMERICANO NA LIBERTADORES

Depois de passar pelos mexicanos Chivas e América e por Grêmio e Cruzeiro, o adversário do Vasco nas semifinais seria o temido River Plate, que no ano anterior havia vencido até em São Januário pela Supercopa.

No Rio o gol de Donizete pareceu insuficiente para aguentar a pressão na Argentina. Em Buenos Aires o Vasco foi subestimado pelo técnico do River Plate, Ramón Diaz, que disse: "O Vasco não é grande coisa".

Com mais de 50 mil torcedores lotando o Monumental de Nuñez, o River vencia por 1 a 0 até os últimos minutos, quando Juninho em cobrança de falta magistral estabeleceu o empate e garantiu a vaga às finais da Libertadores. Para o primeiro jogo contra o Barcelona de Guaiaquil, o outro finalista, São Januário foi o estádio escolhido. Não sobrou nenhum dos 34 mil ingressos postos à venda.

Com gols de Donizete e Luizão, na vitória por 2 x 0, o Vasco partiu em busca do título. No Equador o time encontrou clima tenso, de guerra, com paus e pedras lançados da arquibancada. A pressão não soi suficiente para deter o Vasco. Luizão e Donizete, novamente, fizeram 2 x 0, o Barcelona diminuiu mas o Vasco sagrou-se Campeão da Taça Libertadores de 1998 e Bicampeão Sulamericano de Futebol (1948 e 1998).

2000 - O TRICAMPEONATO SULAMERICANO - MERCOSUL

Uma conquista para ficar guardada na memória do torcedor vascaíno por muitos e muitos anos. Nem o mais esperançoso poderia imaginar que a equipe, comandada pelo astro Romário, em pleno Parque Antártica, poderia reverter um placar de 3 a 0, para 4 a 3, e sair de São Paulo com o título da Copa Mercosul. Mais uma vez o Vasco mostrou porque é o time da virada.

Mas quem acompanhou o início da competição sulamericana não poderia prever que o Vasco seria o campeão. Isso porque a equipe teve um início muito ruim e só conseguiu a classificação para a segunda fase graças a uma combinação de resultados.

Nas quartas-de-final, a equipe enfrentou o Rosário Central, da Argentina. No jogo de ida, em São Januário, vitória magra por 1 a 0, com gol de Juninho Paulista.

Na volta, em Rosário, um simples empate bastava para a equipe brasileira seguir em frente. O Vasco saiu na frente, mas um gol já nos descontos levou a decisão para os pênaltis. E lá estava o jovem Helton, que garantiu a vaga ao defender o pênalti. Passado este sufoco, o Vasco foi para a semifinal enfrentar outra equipe argentina. Desta vez, o adversário era o River Plate. Só que o temor foi para o espaço no jogo de ida, em Buenos Aires. Uma goleada fantástica, por 4 a 1, calou a boca de todos.

Na volta, com a passagem para a final carimbada, o Vasco venceu por 1 a 0, só para mostrar que o massacre na Argentina não fora por acaso. Veio então a grande final contra o Palmeiras. A turma do arco-íris já dizia que o Vasco seria novamente vice.

No primeiro jogo, em São Januário, vitória por 2 a 0. Um simples empate, na segunda partida, nastaria para dar a volta olímpica. Porém a dorrota, por 1 a 0, em São Paulo, levou a decisão para o terceiro e decisivo jogo. Aí, todos já sabem o que aconteceu.........

Vasco Campeão da Copa Mercosul, na vitória de 4 x 3, a maior virada que se tem registro na história do futebol em uma decisão de campeonato.
VASCO, TRICAMPEÃO SULAMERICANO DE FUTEBOL!

2000 - O TETRACAMPEONATO BRASILEIRO

Mais uma final de campeonato. Mais uma chance de conquistar um título, o último do milênio. Mais um grito de campeão. Mas antes de tudo isso, os torcedores teriam que sofrer um pouco mais, vendo o Vasco superar o humilde São Caetano, zebra da competição.

De humilde e zebra, o Azulão do interior paulista não tinha nada. O outrora desconhecido Adhemar liderou o São Caetano, despachando três grandes do futebol brasileiro. Mas a vantagem de decidir a segunda partida em casa era do Vasco. Era a segunda decisão do técnico Joel Santana em menos de um mês.

A nau vascaína tinha o quarteto formado pelos Juninhos, Euller e o vice-artilheiro da competição, Romário, com 18 gols, além da segurança de Helton. Só isso bastava.

No primeiro jogo, em São Paulo, o time de São Januário deu muito espaço ao Azulão e acabou levando o primeiro. Entrou em cena a estrela de Romário, que empatou a partida em lance de puro oportunismo, dando ao Vasco a vantagem de jogar pelo empate em 0 a 0.

No dia 30 de dezembro de 2000, data da segunda e decisiva partida, houve um infeliz acidente com o alambrado de São Januário. Depois de muita discussão a nova e decisiva partida foi marcada para o dia 18 de janeiro, no Maracanã.

Com o Marcanã tomado pelos vascaínos a equipe sagrou-se Campeã, mais uma vez, conquistando o Tetracampeonato Brasileiro ao abater a equipe do São Caetano pelo placar de 3 x 1.

Fonte: site oficial do Vasco da Gama

O Brasil na Libertadores da América

Palmeiras fez a primeira final, em 1961, e ficou com o vice-campeonato
05/07/2005


CBF NEWS

Pela primeira vez na história da Taça Libertadores da América, a final da competição será disputada entre dois clubes brasileiros, como vai acontecer a partir desta quarta-feira entre Atlético Paranaense e São Paulo.

A Taça Libertadores da América teve a sua primeira edição em 1960. E foi o Palmeiras, logo no ano seguinte, o primeiro clube brasileiro a chegar à final, contra o Peñarol, do Uruguai, depois de eliminar nas semifinais o Independiente de Santa Fé, da Colômbia.

Foram dois jogos pelas semifinais, nos dias 21 e 28 de maio de 1961. No primeiro, no Estádio El Campín, em Bogotá, houve empate em 2 a 2. Perazzo e Castro fizeram os gols do Independiente. Gildo e Chinesinho marcaram para o Palmeiras, que jogou com Waldir, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto, Zequinha e Chinesinho; Julinho, Romeiro, Geraldo II e Gildo.

Na segunda partida, no Pacaembu, o Palmeiras goleou o Independiente por 4 a 1 com a seguinte escalação: Waldir, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto, Zequinha e Chinesinho; Julinho, Romeiro, Geraldo II (Humberto Tozzi) e Gildo.

O Palmeiras estava classificado para a decisão da Libertadores, que seria disputada contra o Peñarol em uma melhor-de-três que acabou não sendo necessária - o Peñarol venceu o primeiro jogo, em Montevidéu, e houve empate na segunda partida, no Pacaembu.

Peñarol 1 a 0 no Centenário

O primeiro jogo foi disputado no dia que 4 de junho de 1961, no Estádio Centenário, com 70 mil pagantes. Spencer fez o gol do Peñarol e os times entraram em campo com as seguintes escalações.

Peñarol: Maidana, William Martinez, Cano, Gonzalez, Matosas, Aguerre, Luis Cubilla, Ledesma, Spencer, Sasia e Joya.

Palmeiras: Waldir, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Humberto Tozzi, Geraldo II e Romeiro.

1 a 1 no Pacaembu

No dia 11 de junho, o Palmeiras entrou no Pacaembu, com 50 mil pagantes, precisando vencer para forçar o terceiro jogo da decisão. Nardo abriu o placar para o Palmeiras, mas Sasia, de pênalti, empatou o jogo em 1 a 1 e deu o título da Taça Libertadores de 1961 ao Peñarol.

Palmeiras: Waldir, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Humberto Tozzi, Geraldo II e Romeiro (Nardo).

Peñarol: Maidana, William. Martinez, Cano, Gonzalez, Matosas, Aguerre, Luis Cubilla, Ledesma, Spencer, Sasia, Joya.


Amanhã: o bicampeonato do Santos